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Alimentação Animal
GEE em Portugal provenientes da Agricultura
Considerando a crescente relevância das alterações climáticas no cenário global, bem como os compromissos internacionais assumidos pelo Estado-Membros da União Europeia no âmbito da mitigação e redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), torna-se imprescindível destacar a contribuição substancial do setor pecuário para as emissões antropogénicas de GEE. O setor pecuário nacional representa cerca de 13% das emissões nacionais, de acordo com a seguinte proporção: 70,3% Metano (CH4), 29,3% Óxido Nitroso (N2O) e 0,3% de Dióxido de Carbono (CO2) (Inventário Nacional de Emissões (NIR, 2025) da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Tais emissões decorrem, em grande medida, dos processos digestivos dos ruminantes, nomeadamente a fermentação entérica, assim como da gestão de efluentes e da gestão da alimentação animal na exploração.
Dieta Animal e Emissões de GEE
A composição nutricional da dieta fornecida aos animais influencia significativamente a quantidade e o perfil dos gases emitidos. Dietas baseadas predominantemente em fibras de baixa digestibilidade, oriundas de forragens fibrosas, favorecem uma maior produção de metano. Em contrapartida, dietas formuladas com maior teor de amido, proteína ou forragens de alta digestibilidade, tais como leguminosas e grãos, apresentam um potencial de redução das emissões de metano, ao mesmo tempo que promovem ganhos em produtividade por unidade de consumo de alimento.
A adoção de técnicas e práticas alimentares com o objetivo de melhorar a digestibilidade dos alimentos para animais têm também como finalidade o aumento da eficiência alimentar e da produtividade dos animais, constituindo-se como estratégias para a sustentabilidade da pecuária nacional. Melhorar a qualidade da alimentação, utilizando forragens mais digestíveis, leguminosas ou grãos e ajustar a ingestão de nutrientes também promove uma maior eficiência produtiva por unidade de alimento, reduzindo o volume de GEE por cada quilo de carne ou unidade de leite produzido. Adicionalmente, o uso criterioso de aditivos específicos para alimentação animal, devidamente autorizados, que possam atuar na metanogénese, na fermentação ruminal e no aumento do aproveitamento dos nutrientes, tais como melhoradores de digestibilidade, estabilizadores da flora intestinal e substâncias que afetam favoravelmente o ambiente, constituem também uma ferramenta técnica com eficácia reconhecida na mitigação de GEE no âmbito da produção animal.
Estas estratégias que visam diminuir a pegada ambiental do setor passam por reduzir o volume de emissões por unidade de produto produzido, sem comprometer a segurança alimentar nem a viabilidade económica da atividade.
Mitigação, Sustentabilidade e Inovação como Vetores de Desenvolvimento
A implementação de técnicas que promovam a inovação na formulação das dietas animais e o uso de tecnologias e práticas que promovam a sustentabilidade ambiental da produção animal contribui para um modelo de produção pecuária ambientalmente responsável, economicamente viável e socialmente justo, assim como contribui para os compromissos nacionais de redução e mitigação das emissões de GEE. O ajuste e a inovação nas dietas animais surgem como caminhos essenciais para a redução de emissões e para o futuro sustentável do setor pecuário, conciliando produtividade com responsabilidade ambiental. Reitera-se assim a necessidade de que sejam adotadas técnicas e práticas voltadas para uma gestão ambientalmente sustentável das explorações pecuárias, adotando práticas nutricionais sustentáveis, com ênfase na mitigação das emissões de GEE, elevando a produtividade animal e apostando na consolidação de um modelo pecuário compatível com os desafios ambientais atuais.
Para o efeito, a DGAV tem desenvolvido documentos, bem como colaborado com outras entidades na produção de códigos e guias que têm como objetivo apoiar os produtores agropecuários nacionais na identificação e adoção das melhores práticas de mitigação e redução das emissões de GEE provenientes da agricultura. A DGAV detém igualmente responsabilidade na validação técnica dos requisitos, bem como supervisão, dos organismos de controlo (OC) acreditados para efeito do Regime Ecológico Melhorar a Eficiência Alimentar Anima para Redução das Emissões de Gases de Efeito estufa (MEAA-GEE), com o propósito de promover boas práticas de eficiência alimentar, de maneio e de saúde animal nas explorações pecuárias de bovinos de leite e bovinos de carne, de forma a reduzir as emissões de metano, com o objetivo de contribuir para a mitigação das alterações climáticas.
Consulte:
- Recomendações para Controlo das Emissões de Amoníaco
- Código de Boas Práticas Agrícolas para a Redução de Emissões de Amoníaco
- Inventário Boas Práticas – Mitigação Metano
22 de outubro, 2025