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Uma Só Saúde – Conhecer as zoonoses! A Raiva
A Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias da UTAD associa-se às comemorações do mês «Uma Só Saúde» abordando o tema da Raiva.
Veja o vídeo:
«A raiva é a mais importante zoonose viral com transmissão direta a partir dos animais ao homem. É, certamente, uma das mais antigas e temidas doenças infeciosas e que contribuiu para o imaginário do homem ao longo de séculos, associado às histórias de vampiros e de lobisomens.
O agente atinge o sistema nervoso central, tanto nos animais como no Homem, causando a morte.
A raiva afeta todos os mamíferos terrestres. Contudo, antigamente na Europa do sul, o agente disseminava-se, fundamentalmente, entre as raposas (ciclo silvático) e os cães (ciclo urbano), sendo principalmente estes últimos os transmissores ao Homem. A doença transmite-se habitualmente por mordedura a partir da qual o agente consegue alcançar as terminações nervosas e ascender por essa via ao cérebro. A partir daqui, também por via nervosa, o vírus dissemina-se por diferentes órgãos, dos quais se destacam as glândulas salivares. O animal atingido pode transmitir a doença, mas também pagará com a sua vida, pois também morrerá inevitavelmente como consequência da infeção do Sistema Nervoso Central.
No caso do nosso país, a raiva foi erradicada há mais de 50 anos mas, a facilidade com que os animais e humanos se deslocam entre países na atualidade e o abandono dos cães, obriga a que estejamos sempre vigilantes. A raiva não respeita fronteiras!
A transmissão ao Homem ocorre por mordedura de um animal infetado, e afeta principalmente jovens com menos de 15 anos. Uma vez que a transmissão pode acontecer antes dos primeiros sinais clínicos aparecerem nos animais agressores, é importante manter a sua vigilância durante cerca de duas semanas após a agressão.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorram anualmente 59 000 mortes em humanos por ano (cerca de 1 morte a cada dez minutos). Dada a importância desta doença, a OMS instituiu o dia mundial contra a raiva (28 de setembro, data do aniversário de Pasteur, que produziu a 1ª vacina contra a raiva) e tem como objetivo erradicá-la no Homem em 2030.
A raiva é um exemplo clássico de uma doença cuja erradicação depende de uma abordagem “Uma Só Saúde”. Para erradicar a raiva humana é fundamental que o principal transmissor ao homem, no nosso caso o cão, se mantenha sempre vacinado.
Em Portugal, a vacinação antirrábica é obrigatória para todos os cães com mais de 6 meses de idade, tal como a identificação animal por microchip. Por outro lado, medidas que previnam o abandono dos animais, a existência de cães errantes, sem detentor e sem vacinação e identificação, a educação responsável dos animais de forma a prevenir comportamentos agressivos e o controlo da vacinação em animais importados ou oriundos sobretudo de países onde esta doença não foi erradicada, são medidas fundamentais para o controlo da raiva.
Por outro lado, os animais selvagens não conhecem fronteiras pelo que é essencial colaborar no plano da DGAV na vigilância da raiva em raposas, como animais sentinela.
A erradicação da raiva está nas mãos de cada um de nós. Vacinar o teu cão pode salvar a tua vida!»
Publicado em 13/01/2022