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Desperdício Alimentar
Desperdício Alimentar: Um Problema Global e Europeu com Impactos Profundos
Na União Europeia, são geradas anualmente mais de 59 milhões de toneladas de resíduos alimentares, correspondendo a 132 kg por habitante, com um valor de mercado associado de cerca de 132 mil milhões de euros (Eurostat, 2024; SWD (2023)421).
Ao mesmo tempo, mais de 42 milhões de pessoas na UE não conseguem pagar uma refeição de qualidade de dois em dois dias (Eurostat, 2023).
A nível global, aproximadamente um terço de todos os alimentos produzidos para consumo humano é perdido ou desperdiçado (FAO, 2011).
Na UE, os agregados familiares são responsáveis por mais de metade do desperdício alimentar total (54%), o que equivale a 72 kg por habitante (Eurostat, 2024). Os restantes 46% são gerados ao longo da cadeia de abastecimento alimentar:
- 19% no fabrico de produtos alimentares e bebidas (25 kg por habitante),
- 11% nos restaurantes e serviços de restauração (15 kg por habitante),
- 8% na venda a retalho e outras formas de distribuição alimentar (11 kg por habitante),
- 8% na produção primária (10 kg por habitante) (Eurostat, 2024).
Globalmente, em 2022, foram geradas cerca de 1,05 mil milhões de toneladas de resíduos alimentares, dos quais:
- 60% pelos agregados familiares,
- 28% pelos serviços alimentares,
- 12% pelo retalho.
Muito Mais do que uma Questão Ética ou Económica
O desperdício alimentar está no centro das prioridades da UE, alinhando-se com a Meta 12.3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que visa, até 2030, reduzir para metade o desperdício alimentar per capita a nível do retalho e do consumidor, além de diminuir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento.
Quais os benefícios em reduzir as perdas e o desperdício alimentar?
- Combater as alterações climáticas: O desperdício alimentar é responsável por cerca de 16% do total das emissões de gases com efeito de estufa provenientes do sistema alimentar da UE.
- Redistribuir alimentos nutritivos: Permite ajudar a combater a fome e a subnutrição, contribuindo para erradicar a insegurança alimentar.
- Poupar dinheiro: Beneficia empresas e famílias ao promover um uso mais eficiente dos recursos disponíveis.
Ao abordar o desperdício alimentar, contribuímos para um futuro mais sustentável e resiliente, respondendo a desafios ambientais, sociais e económicos.
Para mais informações sobre Desperdício alimentar na EU consulte: Desperdício alimentar – Comissão Europeia
O Papel da DGAV no Combate ao Desperdício Alimentar
A DGAV desempenha um papel central na prevenção e redução do desperdício alimentar em Portugal, contribuindo para a definição e implementação de políticas públicas nesta área. Enquanto autoridade nacional de segurança alimentar, a DGAV trabalha em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e com a Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA), promovendo um sistema alimentar mais eficiente, seguro e sustentável.
- Elaboração de Manuais Práticos para a Doação de Alimentos
Para garantir que a doação de alimentos se realiza de forma segura e confiável, a DGAV desenvolveu dois manuais fundamentais:
“Doação de Alimentos Seguros – Instituições de Solidariedade Social”: Um guia prático dirigido às organizações que recebem e redistribuem alimentos, garantindo a sua segurança e qualidade.
“Doação de Alimentos Seguros – Perguntas e Respostas”: Um documento que esclarece dúvidas e procedimentos, tornando mais acessível e prática a participação nesta atividade nobre.
- Sensibilização do Consumidor e Educação Alimentar
Reconhecendo que o consumidor é um dos maiores geradores de desperdício alimentar, a DGAV promove iniciativas para incentivar comportamentos mais conscientes. Um exemplo é o folheto “Ao desperdiçar não está a ajudar – se sobrar, peça para levar!”, que reforça a ideia de que todos podemos contribuir para a redução do desperdício, começando por pequenas mudanças no dia a dia.
Reduzir o desperdício alimentar: uma responsabilidade partilhada
Todos os intervenientes na cadeia alimentar desempenham um papel essencial na prevenção e redução do desperdício alimentar. Desde os agricultores e fabricantes, passando pelos retalhistas e pelo setor da restauração, até ao consumidor final, cada etapa apresenta oportunidades para agir de forma mais consciente e responsável. No entanto, o contributo dos consumidores é determinante: com pequenas mudanças nos hábitos diários, todos podemos fazer a diferença.
Os governos também têm uma função crucial, ao promover políticas integradas, criar incentivos económicos e estimular a colaboração entre todos os atores da cadeia de abastecimento alimentar. Estas medidas são fundamentais para construir sistemas alimentares mais sustentáveis e eficientes.
As empresas que implementam iniciativas de redução do desperdício alimentar nos seus processos não só contribuem para a proteção ambiental, como também beneficiam financeiramente. Investir na sustentabilidade é, comprovadamente, uma decisão inteligente e rentável.
O combate ao desperdício alimentar é, por isso, uma responsabilidade coletiva. Com gestos simples e escolhas informadas, podemos poupar recursos, proteger o ambiente e construir um futuro mais sustentável. Porque a mudança começa em cada um de nós.